O pardal desce a escadaria e busca a mesa: belisca nozes, pão de centeio e poucas uvas verdes, mas retorna ao quarto, pela mão estendida de Sarapo. Minutos depois, o pássaro miúdo e franzino, bico entreaberto, pia(f) e cala-se. Estava no repouso dos Alpes, não sob uma marquise ou qualquer lar que lhe fora oferecido por piedade. Era aquele pássaro que criou-se cantando sob os arvoredos das ruas parisienses e que ganhou o nome de Môme Piaf, escrito por Laplée; tornando-se o grande pássaro da canção francesa, sob os cuidados de Asso, que a conduziu como Edith Piaf. À luz da cidade amada, Paris a viu na amargura e no glamour; no entanto, acordou de luto: morte ocorrida nos arredores de Grasse, a poucos quilômetros de Paris, em 10/10/1963. Insistia em cantar: quando não podia subir ao palco, levavam-na nos braços. E foi-se, assim, de lábios secos, querendo beber a última canção.
A propósito, Borges, minha amiga Beta diz que Gal é um golinha, passarinho danado pra cantar. O antropólogo Antonio Risério, que também é poeta, fala que Gal fez um pacto com os canários. Eu, que quase não ouço muita coisa ultimamente,nunca deixo de entrar em transe quando ouço a suavidade de Ella Fitzgerald. Abraços, João
ResponderExcluirP.S.: Lembranças a Michel.
O talento de Gal é merecidamente reconhecido. Depois que a vi cantando Tom Jobim... O canto tem de ser inspirado nos pássaros, assim como o voo está pra o avião. E cantoras afora, latem, gritam, berram, miam....rsssss. Abração
ResponderExcluirPIAF!... Grande, imensa Piaf... E seu blog está lindo. Agora, sim: Sol Escrito mesmo...
ResponderExcluirEsse cabeçalho é sol da região, das serras. Diziam que Piaf flutuava como um beija-flor na rosa. Passarinho/águia. Abração
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