sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Bibi (en)canta


Quando Bibi Ferreira excursionou pelo país com a peça Piaf, nos deu oportunidade de assistir um dos trabalhos mais bem idealizados da dramaturgia. O Teatro Paulo Pontes, em João Pessoa-PB, superlotou e as canções que mais  me marcaram naquela noite, foram L'Accordéoniste e Le Vie en Rose. A forte presença cênica da atriz  emocionou a plateia, embalada pelo irretocável repertório: Milord, Padam Padam, La Foule, Non je ne Regrette Rien e o antológico Hymne à L'amour.
Piaf, o espetáculo, cumpriu sua temporada em Paris, onde viveu Édith Piaf. A cantora faleceu nos arredores de Grasse, em outubro de 1963, aos 47 anos. Da amargura à glória: a menina ór(fã) que tinha as ruas como palco, à margem do glamour parisiense, tornou-se ícone de la chanson française.
Não pude reencontrar Bibi Ferreira In Concert nem quando rememorou a fadista Amália Rodrigues. Estranha forma de vida, Fado da saudade, Coimbra, Lisboa e Nome de Rua, são referências da canção portuguesa. Esses musicais  só foram apresentados nos grandes centros do país e ao público das maiores capitais do nordeste, como Recife e Fortaleza, dificultando a acessibilidade dos admiradores mais distantes. 
O longo vestido negro guardava o corpo miúdo de pássaro: o nome Piaf  veio do próprio canto e suas canções atenuaram os dissabores da França do pós-guerra: "flutuava como um Beija-flor na rosa..." 
Bibi plural: (en)canta (Piaf, Chico, Amália...), interpreta, compõe, toca piano e dirige... É comovente e bonito vê-la em suas incorporações teatrais, onde se ouve, também, a fala das mãos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário