domingo, 25 de abril de 2010

Barbeiro-homem

Falo de homem trabalhador
aparador de cabeleira, crina


não de inseto que ferroa,
aplicador de veneno, vacina.

Fila de homens sentados,
espirrando, dando escarros:

água de cheiro, pó na gola
homem-barbeiro de mercado.

Barbeiro fabrica espuma,
beiço de navalha amola;


barbeiro, esse que corta,
não o que sangue suga.

Barbeiro mexe misturas:
água, breu, álcool, lavanda.

Barbeiro capinador
apara o mato da barba,

puxa o arado à roça
esfola o campo da cara.

o divã, a faca, o assassino;
homem com pele de suíno.

imagem: 3.bp.blogspot.com






























10 comentários:

  1. Excelente poema, aqui onde melhor se expressa: linguagem escorreita, plena de imagens, como se quisesse trazer o referente para os braços do leitor.

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  2. Márcio a vida também se polda: esse corte diário nas idéias, no relacionar-se, no andar, onde implantar cabelo é muito complicado. Bom domingo! Abç

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  3. Muito bem realizado... E me lembrei do meu pai, quando voltava do barbeiro... Palavra tem esse poder estranho de tornar presente o que já foi.... Abraços!

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  4. Muito bem realizado... E me lembrei do meu pai, quando voltava do barbeiro... Palavra tem esse poder estranho de tornar presente o que já foi.... Abraços!

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  5. Homem de cara nevada, parece uma montanha; de barba azul, um toucinho (risos). Bjs.

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  6. Demais, Francisnaldo. Que poema! O trabalho com as palavras, a medida do verso, o ritmo, o significado. Tudo nesse poema é feito com maestria. Perfeito!

    João

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  7. Poema brilhante,Borges. De mestre. As palavras, a medida do verso, o significado. O jogo da poesia com traço perfeito. Você está no meu cânone.
    Abraços, João

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  8. Bem vindo ao Sol... Palavras assim me fazem escrever mais: me encorajam. De manhã cedo gosto de escrever no estacionamento, nos pára-brisas nevados. Volte sempre, obrigado.

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  9. João, valiosa passagem nesses escritos. Abç

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  10. João, valiosa visita. Abç

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