domingo, 13 de setembro de 2009

Hollywood à venda


















Admiro antiguidades: móveis, peças de bronze e prata, tapetes persas (ou equivalentes), que em antiquários custam verdadeiras fortunas. Não precisa somente luzir para cair no meu gosto: o fosco guarda excentricidade e a pátina dá um toque clássico, enobrece os móveis. O fabricante não é necessariamente o artista, mas aquele que transforma, com criatividade, o usado. À rigor, todo trabalho manual é arte, o que não podemos dizer com os industrializados... Não sou colecionador, mas compro alguma peça indicada, se for a baixo preço.  É preciso que qualquer coisa exposta à venda, esteja bem localizada, por trás de um atendimento convincente. As coisas usadas, no entanto, sem o zelo de  mãos restauradoras,  não passam de "tranqueiras" empoeiradas em galpões ou mendigando vendas por trás de balcões desarrumados.
Hollywood anuncia um mega leilão para vender seus exuberantes cenários, onde são encontradas muitas relíquias: o que compôs o glamour no cinema. Transitando pelo galpão quilométrico, gente de diversas nacionalidades, vê-se a variedade de objetos: carros e móveis de época, estátuas, porcelanas, prataria, réplicas de pedras preciosas, cristais, sarcófagos e ataúdes, jóias, roupas e a exuberância de um submarino. Mas o que não foi visto, à venda, no rico bazar hollywoodiano, foi um par de olhos, cor de violeta, usado pela rainha do antigo Egito, no filme Cleópatra: os olhos (não postiços) pertencem à diva Elizabeth Taylor e não têm preço. No acervo cinematográfico se destacam as louras perucas, echarpes e scarpans usados pela atriz Marilyn Monroe, mitificada não somente pela estreia de um invedável calendário nem pelas atuações em “Nunca fui Santa” e “O Pecado Mora ao Lado”: sua morte prematura, aos 36 anos de idade, encerra a carreira nebulosa da endeusada estrela sex simbol dos anos 60, eternizando-a. As sandálias douradas de Grace Kelly, atriz-princesa –  que deixara as telas para viver um conto de fadas no principado de Mônaco – foram compradas por um estilista francês. Uma senhora com traços elegantes, descendente da aristocracia argentina, se agradou dos óculos que pousaram no rosto da eterna Sofhia Loren, atriz italiana. Uma comediante americana levou, por poucos dólares, um dos chapéus que, imponentemente, usara Scarlett O`Hara, personagem marcante vivido por Vivien Leigh, em "E o Vento Levou", ao lado de Clark Gable, de quem pertencera um cachimbo de marfim e ouro, vendido por considerável quantia, logo na abertura do evento. De Marlon Brando, o homem mais belo do cinema, à época, tinham ternos, gravatas, relógios, chapéus, bonés, atraindo o público masculino. Quem visitou a exposição não saiu de mãos abanando nem de cigarro apagado: leques e isqueiros custavam apenas dois dólares. Hollywood à venda? Essa cidade é negócio pra cinema. 



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